quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

My thought "through" a Cappucino...



Estou de regresso e com a cabeça algo cansada. Tenho uma defesa na próxima quinta e nem quero pensar no assunto. Amanhã , começo a pensar nisso...

Não me apetece pegar novamente nos livros, agendar entrevistas, preparar a minha ida a Y, mais uma viagem, mais um hotel, mais pessoas diferentes. Por vezes, sinto-me cansada deste corre-corre, mesmo sabendo que é fascinante e riquíssimo. Aprende-se muito, como pessoa acima de tudo. E é bom, mas hoje apetece me fazer uma pausa e como tal vou ali carregar na tecla “pause” por breves momentos.

Estou sentada num café (http://www.karsmakers.be/; passo a publicidade mas adoro este café) a tomar o meu pequeno cappuccino à italiana, que é o melhor que jamais provei e começo a dissertar sobre algo que me tem preocupado ultimamente: a desorientação das mulheres no pós-divórcio. Claro que me incluo nesse grupo de mulher, ora pois, sim porque "cientista" (é chique dizer isto. lol.) também sofre como gente normal. Muda apenas a roupagem ou/e linguagem para além do local de residência, embora temporário (e ainda bem).

Tenho vindo a reflectir e por vezes chego à conclusão que numa 1ª fase, logo após o divórcio, a mulher preocupa-se imenso em encontrar alguém. Entra mesmo em pânico a cada segundo do seu dia: vou-me divorciar, e agora, fico sem gajo? “Porra” (como diria uma power gaja que eu cá conheço), isto não faz sentido! Estivemos tanto tempo agarradas (ou atreladas) a um gajo macho, que quando nos libertamos dele, nem nos sentimos bem. É como aquela sensação de quem sai do cabeleireiro e muda radicalmente de penteado: olhamos ao espelho e mudamos subitamente de identidade. É verdade: aquele gajo, que por vezes, nos trouxe mais males que bem, era parte integrante da nossa identidade. Os hábitos, os gostos, as escolhas eram todas filtradas por essa pessoa, que alguns gostam de chamar de cara-metade. (enfim, há gostos para tudo). Eu dava-lhe outro nome, mas não quero ofender ninguém aqui. Lol. (sou mesmo má….credo…este cappuccino tem veneno).
Por mais incrível ou incoerente que possa parecer, ficámos com os neurónios colados a este pensamento: preciso, quero um gajo. Já. Porque lá no fundo, no fundo, achamos que caraças (esta expressão é minha) não somos de deitar fora e a minha vida sem gajo não faz sentido.
Este pensamento torna-se recorrente, constante, assolador e obcecante. Ocupa-nos a mente com mil e um pensamentos: o que será de mim sem homem? Sem alguém a dividir a casa? A dar-nos orientações de vida? Quem me vai ajudar a cuidar dos filhos? (para quem os tem). Esta fase é altamente angustiante, e não recomendo.

A esta primeira fase, segue-se a fase da consciencialização da nossa individualidade feminina e da nossa autonomia. É a fase das descobertas, das remodelações internas, das mudanças de decoração em casa, é a fase das montras, dos cremes, dos spas, das horas de ginásio à outrance das saídas a sós, dos amigos que se multiplicam como cogumelos. É uma fase muito mais equilibrada. É A fase da despreocupação e do bem-estar. Sentimo-nos nas nuvens, sentimo-nos acima dos problemas dos comuns mortais porque o nosso tempo é apenas nosso, as responsabilidades apenas nossas e tudo o resto é liberdade. Não partilhamos nada de bom mas também não partilhamos nada de mau. O nosso envolvimento é medido ao milímetro e não excede os limites do "razoável"( mas o que é o razoável?). Vivemos a meio gás, mas é bom. Muito bom.
Mas aí que chega a 3ª fase. A fase do namoro. Ora bolas…caímos na trama do amor e recomeça tudo de novo, mas de forma diferente: passo a explicar. Apaixonamo-nos que nem umas tontas, dizemos palavras de amor, de paixão, entregamo-nos como nunca, como se não houvesse amanhã e PIMBA: eu gosto deste gajo, mas “E SE” vira ao inferno que eu já vivi???? Isto é ciclo tramado: sentimo-nos bem, mas não queremos passar pelo que já passamos anteriormente. Não queremos viver o mesmo filme, numa versão optimizada. Upgrades, não é connosco. E agora? O que fazer? Pois bem: não sei.

É uma fase tramada esta. Pomos tudo de novo em causa: será que isto que eu quero? Será que será mesmo bom? Valerá a pena arriscar até ao tutano? Assumir o compromisso e vivê-lo diariamente a dois? Os “ses” saltam nas nossas mentes que nem cordeirinhos à noite. E eu pergunto: o que se segue a esta fase? É que eu gostava de saber….Esta é a 3ª fase, e há quem diga que à terceira (fase) é de vez….Será????

Acho que fico por enquanto pelo cappucino e vou ver montras porque hoje estou assim out of order.

1 comentário:

  1. É a redescoberta sim. Eu descobri uma mulher fantástica que cá andava dentro. E é tão bom.

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