terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Dormir Juntos ou Separados?


Quando me casei, assim, há um século atrás, nunca tinha prestado atenção ao "acto de dormir junto", mas hoje sei, por experiência própria, que ele diz muito sobre a relação.
Há uns dias atrás, comentava uma pessoa conhecida, e isto de uma forma totalmente espontânea e intuitiva, que não conseguia dormir a noite toda com o marido ao lado e que, a meio da noite, sentia a necessidade de se levantar e de vir dormir para o sofã.
Eu não disse nada, mas não achei muito bom presságio para aquele casamento que conta apenas com dois anos.
Acho que o acto de dormir é o momento único do dia em que o casal tem a real oportunidade se (re)encontrar a sós. É "o" momento da partilha, do toque, com ou sem intimidade sexual.
É nesse preciso momento em que as maiores confissões de amor são feitas, onde se manifesta aquele gesto de carinho que é tão essencial à preservação da relação.
Pois bem, eu acho que dormir junto significa dormir agarradinho, em concha de preferência, entrelaçando pernas e braços, para se fundir num só.
É completamente indiferente e natural que no decorrer da noite, esse abraço mais profuso se desfaça, mas o aconchego fica. A proximidade física feita intimidade está presente. E isso é bom, muito bom e desejável que assim seja.
Agora, quando observo situações como a que eu passei em que se traça uma linha imaginária que nem o equador para "delimitar" milimetricamente os espaços físicos ocupados por cada um numa mesma cama ou situações em que um dos cônjuges sente a necessidade absoluta e recorrente de partir para o sofã, não posso achar isto próprio de uma relação plena.
Pode ser mania minha, recalcamento de um trauma passado...não sei, mas continuo na minha.
A proximidade física diz muito de nós e da relação que vivenciamos naquele momento. Diz muito da nossa cumplicidade sem ter de o provar com palavras.
Já dizia Pierre Bourdieu que o "Habitus", ou seja, a forma como o corpo se faz coisa, ao expressar-se sem falar, diz tudo de si sem que a palavra tenha sido convocada.
A intimidade ou cumplicidade existe ou não existe, ela fala por si. Não precisa de provas ou de explicações verbais.

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