sexta-feira, 18 de junho de 2010

O sabor de um beijo

Escrever sobre um assunto que remete para o campo das experiências é como perguntar pelo sabor de um beijo. Haverá sempre respostas únicas, mas plurais decorrentes de uma experiência única mas plural. Falar da minha experiência do divórcio é como falar da minha experiência do beijo. Irei dar uma resposta única, a minha, embora vivida por uma pluralidade de pessoas.
Quanto me pedem para falar do meu casameno e posterior divórcio, tenho alguma dificuldade em relembrar como foi. Quais foram os sonhos que me levaram ao casamento e as desilusões que me conduziram ao divórcio. Na verdade, pensando bem, acho que o problema do meu casamento foi precisamente esse: a ausência de sonho e de sabor. Hoje sei que tudo na vida tem de ser sonhado para que possa ter "sabor". Um amor, para existir, tem de saber a algo. Tem de apelar a algo que transcende a racionalidade ou a explicação óbvia. Tem de ter aquela capacidade única (e por vezes ridícula) de nos fazer andar para a frente mesmo sem saber porquê. Um amor não tem de ter uma justificação socialmente correcta ou indivualmente certa: tem apenas de "ser". Tal como o beijo, plural na sua expressão, mas único no seu paladar.

Monologos Passados (2009-06-17)

Desculpem... mas é só um intervalinho...
letra de uma música que estou a ouvir... daquelas minhas musicas meio estranhas... mas achei que tinha tudo a ver e impulsivamente cá vai

"The past is a memory
the future, an expectacion
neither past nor future actually exists
there is simply eternal now"

É uma grande verdade não é??? Eu acho que sim... e acho que a vou tatuar!! Nas mãos para que possa olhar para ela n vezes ao dia e para que nunca me esqueça!!!

by KT

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Diálogos Recentes (2010-06-17)

P2R

Powers, lanço-vos um desafio. O que aprenderam depois do div? Quais foram as lições mais importantes que tiraram?
Começo eu.
Quando um homem diz que está confuso e está com muitos problemas, blá,blá,blá. Não está (mais) interessado mas não quer perder a amizade ou ficar mal no figurino.
Quando sentimos que algo não está bem na relação ou algo nos faz ter uma atitude que nem nós esperavámos, é porque está na hora de levantar ancora e pormo-nos a andar. Quando temos de abdicar de muita coisa na nossa vida em prol de alguém (gajo) então a relação é como se estivesse já terminada.
Tretas como eu não posso viver sem ti, és muito boa amiga, estás sempre aí para mim (quando nem há reciprocidade) é bazar, manda-los dar uma volta ao bilhar russo.
Palavras leva-as o vento, acções precisam-se.
Não sofrer por antecipação, já conhecer o filme só pelo começo, e saber o final e os extras do filme.
É não ter receio de estar sozinha, é gostar de estar sozinha muitas vezes.
Dar valor quando se vê um casal a discutir e a desrespeitar-se e pensar: uiii que não tenho nada destas chatices para aturar.
É saber que não queremos algo que nos satisfaz (tem de ser bom, excelente), mesmo que satisfaça mais ou menos. Não, não chega, não basta.
E muitas mais, mas para já chega :)

LX
Que ter filhos é a melhor coisa do mundo.
Que viver de coração aberto vale a pena. E ainda há-de valer mais.
Que o mundo não vai acabar amanhã...
Que hoje só é hoje até logo à meia noite...e o que não fizer hoje...terei de fazer amanhã ou poderei nunca mais ter hipótese de voltar a fazer.
Que a Lei de Lavoisier não se aplica às relações humanas. Quando um laço afectivo se rompe efectivamente algo se perde.
Que a esperança é imprescindivel mas só em doses controladas...porque é efectivamente uma faca de dois gumes.
Que é possivel ser desejada.
Que os homens são de três espécies: os que procuram uma mãe, os que andam perdidos deles mesmos e os que me perderam. Falam duma quarta espécie mas estou como S. Tomé...

NK
Há uma montanha de coisas que ganhamos e outra montanha que perdemos.
Exemplificar tudo seria moroso e acho que passa muito por algumas coisas que disseram.
O que guardo de bom no final é que de facto não é o fim do mundo, e às vezes até é, de facto, o melhor para nós. Para mim, foi.
O que guardo de mau é ainda não ter ultrapassado a falta de confiança que tenho no sexo oposto. Basta algum sinal que possa ser parecido com outros idos e a minha cabeça começa logo a apitar e fico logo nervosa e a mandar chispas como modo de protecção mas que recai muitas vezes sobre a pessoa errada. E no fim sinto-me culpada. E triste. Sinto que ainda tenho muito para dar mas um enorme medo de me magoar novamente.
E às vezes tenho um pavor enorme de me sentir feliz, porque a verdade é que me tenho sentido feliz. Mas ainda outro dia comecei a chorar porque estava assustada por estar feliz porque penso logo que a felicidade vai acabar. Enfim...cabeça complicada :) Ah! Uma coisa que aprendi e isso NUNCA mais farei é manter pançudos.

BXL
Pois eu concordo com muitoque a P2R disse e com o que a NK disse também. Acho que a aprendizagem maior foi sem dúvida alguma aprender a viver e a estar sozinha comigo mesma. Essa foi a minha maior aprendizagem. Foi ter acreditado em mim em 1º lugar e depois nos outros. Foi aprender a não sofrer por antecipação, também algo, nesse campo ainda falta um pouco.
Foi ter aprendido a partilhar, a dividir. Foi ter pegado em mim com as duas mãos e atirar-me ao precípicio sem medos. Foi ter conhecido gente nova, ter aprendido a partilhar. Aprendi a colocar-me no lugar do outro. Saí da minha concha. Foi ter tomado consciência das coisas boas da vida e aprender a deixar as que partiram.
Foi ter aprendido a abdicar de muito por causa de outra pessoa e ter aprendido que o caminho do amor não é o caminho mais fácil, mas é o mais certeiro. Foi, no entanto, não ter aprendido a aceitar a felicidade com naturalidade, tal como diz a NK, e isso é terrivel. Denota uma grande insegurança e algum medo.

KT
Já disseram tanto... Aprendi que de fraquezas faço forças... que quando achava que não dava mais, afinal não era assim... que de facto há muito mais depois do fim... que ninguém morre de amor ou desilusão... Que as marcas são grandes e para sempre... No fundo, lições não sei se tirei alguma... reforçou a minha ideia que infelizmente já tinha "atingido" há que viver o dia a dia com intensidade, apreciar as pequenas coisas...há que viver e amar com todo o nosso ser... não sabemos o amanhã...

LB

Eu aprendi algo muito mais terreno e prático: que divorciar é caro de caraças...gastei uma pipa de massa porra!

terça-feira, 15 de junho de 2010

Hmmmm

Li num livro: é bem mais facil ser generoso do que egoísta? Que vos parece??

KT

Pequeno recado...

Sempre achei que serias o meu anjo da guarda... hoje já não sei se acredito nisso...

K

domingo, 13 de junho de 2010

Diálogos Parentais (12-06-2010)

Outra vez, no sofá (um de cada lado, eu no meio, uma manta sobre todos*)
minime: se tu tivesses morrido, mamy, continuarias a ser a minha mãe favorita: eu via-te sempre lá no alto.
5 minutos depois:
minime: sabes quem é o meu amor? És tu. Serei lésmica? (cara de gozo, não pela palavra mal escrita, mas pelo significado)

*manta???? Em pleno Junho????? WTF?????

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Hoje foi assim

Contemplo os minis adormecidos no sofá. Hoje, deixei-me estar com eles, assim, um de cada lado, a disputarem a atenção (nem quiseram saber da televisão para nada: estavam saudosos de mimos maternais), até que o cansaço os venceu, quase em simultâneo.
Foi assim, desde que chegamos a casa. Só os deixei o tempo necessário para preparar o jantar. E, ainda assim, de quando em quando, lá tinha que pousar os artefactos para dar um abraço pedido, um beijo exigido.
Repetimos vezes sem conta o nosso ritual diário:
eu: já te disse que gosto de ti?
minigajo: sorriso aberto, de orelha a orelha, sorriso de olhos
eu: já te disse que gosto de ti?
minime: já, mas eu gosto de ouvir.
E numa dessas interrupções:
minime: sabes do que tenho mais saudades, mamy? De quando o papi fazia o jantar e tu ficavas lá no sofá connosco, nos mimos... E aquilo era tão certinho, parecia combinado: o papi chamava exactamente quando os patinhos acabavam de cantar. Tenho saudades disso...
Por acaso, também tenho saudades... de não ter que fazer o jantar...

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A parte solitária do caminho

Passada a quase euforia do imediato do pós-divórcio que nos confere a sensação de que o caminho é prá frente e que tudo vai ser sempre assim ... aliviados pela purga da dor passada e alimentados pela esperança ... vivemos uns meses de olhos postos no futuro.
Num futuro desejado mas ... ainda não conquistado.
 
E este estar de bem connosco atrai. Atrai para nós gente com carências, tal como nós, maiores ou menores que as nossas. E a empatia gerada aliada à cumplicidade criada pela convivência transporta-nos de asas nos calcanhares, para um carrocel de emoções geradas pelos nossos afectos  ...  e como se num mar revolto andássemos.
 
E nada como um mar com vida, com sal e de azul profundo para quem acaba de chegar do lago estagnado de um casamento falhado.
 
Nem todos os dias somos capazes de navegar neste mar e ... procuramos a bóia num ombro ou ouvido amigo. O mesmo nos acontece ... somos efectivamente a bóia de alguém e é bom. É bom saber que para alguém fazemos diferença. Porque isso quer dizer que temos valor.
 
Até ao momento em que algo sucede ou uma sequência de acontecimentos nos esmaga de dor, uma dor que nada nem ninguém aplaca porque a única pessoa que a pode aplacar está efectivamente perdida no turbilhão das suas emoções.
E essa pessoa somos nós.
E só nós.
 
Os amigos percebem. Conhecem-nos. Os verdadeiros conhecem-nos. A família também.
O caminho não é por aqui.
Estamos num cruzamento e há que escolher a direcção.
Somos forçados a escolhê-la.
E surge a necessidade de cortar com tudo o que abale as nossas emoções e nos deixe no peito aquela dor insuportável e agonizante.
Para que possamos voltar a caminhar.
 
Emoções à trela e açaimadas a clareza de raciocínio volta ... aos poucos.
Retomamos as funções normais do dia-a-dia e sentimo-nos bem connosco. Adormecemos cedo e voltamos a gostar de acordar. O trabalho volta a correr bem apesar de eterno stress e os dias de trabalho afinal começam a passar mais depressa. O relógio pelo menos corre mais.
A auto-confiança está de novo a voltar.
Estamos a viver no presente. A viver a vida real.
 
A dor amaina e cede à indignação e porque não dizê-lo ... à raiva. Connosco. Raiva de nós. "Isto não me podia ter acontecido. E logo a mim que supostamente penso muito depressa e vejo muito ao longe, segundo alguém que já não importa."
Mas na verdade nada sei e a minha sabedoria a existir só pode nascer das constantes dúvidas que me assolam.
As minhas razões, o meu pensamento racional funciona para os outros ... para mim apenas funciona se me isolar das minhas emoções ... e para quem me conhece bem, se me isolar das emoções dos outros. Alturas tenho em que tem de ser assim. Mas sou só humana e de perfil competitivo e teimoso/marreta e nem sempre quero abdicar das minhas emoções ... afinal vivi adormecida muito tempo, sem sentir. E custa abdicar de algo que há tanto tempo não se tinha.
 
Sei ainda que daqui a um ou dois meses, se tudo se mantiver igual, olharei para os 3 primeiros meses  do meu divórcio como uma lição, uma das muitas que aprenderei, de como interpretar sinais ... os sinais da vida que nos dizem que há que virar costas e mudar de caminho ... e que isso não tem de ser mau.
 
Porque afinal eu sei que não estou sozinha no caminho: tenho amigos e familia de quem a mitigação das minhas dores não pode depender, tenho filhos cujo sorriso me inunda alma e me fazem querer ser mais e melhor.
 
E sei que no fim do caminho afinal alguém me espera.
E que por esse alguém tudo vale a pena.
E esse alguém sou ... eu.

Aquilo que acho que não esperavam que escrevesse... muito menos uma power... ;)

Acho q não há noite que ao deitar, mal apago a luz a frase “Da-me um beijo e diz q me me amas” vem-me logo à cabeça… clara e gritante… enrosco-me fecho os olhos e adormeço… mas no dia a seguir, lá esta ela de novo.

Já nem sei se é um peso, se é um contrabalanço… está lá sempre presente… quando vejo, leio ou observo os outros.
Não vejo cinzento ou cores… não tenho grande tempo para isso… Bem, sinceramante?? Acho q no fundo nem vejo ou reparo.
Evito olhar e reler o passado… mas às vezes a tentação lá espreita... mas tenho resistido. São feridas que não vale a pena abrir… So me fazem ver que fui inocente e “nada eu”… No fundo, aquilo que agora me ocorre, é que mendigava amor… e que ter aquilo, era o "menos mau"… e isso é tão humilhante.


Mendigar amor, contentar-me com algo que não me fazia feliz, por ser preferível a nada ter… [terá sido isto, de facto, que aconteceu??]
Esta humilhação envolve a amargura e a raiva… e mantém isto tudo contido…
Mas e quando eu parar… quando acabar o stress…

Custa-me escrever… verbalizar… sabeis disso... ou pelo menos algumas dee vós sabe...
Sei, sabem que é tudo imagem… é tudo uma personagem. Eu sei isso…

Tenho saudades de um “gosto de ti!” sem ter no fim “Mãe”
Tenho saudades de um amo-te… de um “Beija-me e diz que me amas!”…


KT

terça-feira, 8 de junho de 2010

Dialogos Passados (08-06-09)

LB: Digam-me: há necessidade do mal estar que sinto?
KT: Acho que já interpretaste e analisaste...e também já disseste porque te sentes mal! Estás insegura, a passar alturas de mudanças profundas e precisas de algo, de alguém que também não está bem...e a indiferença é um sentimento muito mau(...) mas, uma coisa é certa, a força de dar a volta está apenas em ti...e isso não te esqueças nunca.(...)
LX: (...) e é normal que não te sintas bem: estás carente e sentes-te em baixo por isso. A pessoa de quem gostas não está bem e sentes-te em baixo. E a pessoa de quem gostas está à deriva e longe de ti...e já vão 3 razões. so far...so good, minha irmã. Por enquanto...do not fear. Mas com muita, muita, muita calma...com esperança mas sem expectativas. É que, repara...ele não está a fazer de ti um porto de abrigo/uma bóia de salvação para a dor dele...e isso é importante. A nossa dor resolvemo-la sozinhos. No dia em que te sentires um porto de abrigo ou que eleseja um porto de abrigo é tempo de...dar espaço. (...) O truque é este: "o outro não pode ser 1 bóia de salvação na tempestade dos afectos..." Tem de ser..."eu gosto apesar de" e não " eu gosto se" ou eu gosto porque". Não vem para nós para suprir uma carência e sim porque...faz parte de nós. E só quando essa carência se resolve dentro de nós...deixamos de a procurar na pessoa. E olhamos para ela pelo que é e não pelo que precisamos que ela seja. É por isso que funciona a prazo. Quando assim não é...mais vale dar tempo e espaço. Arrumar a casa e as ideias. E de cabeça arrumada então conhecer o outro de quem se gosta...não é abdicar. É adiar para não perder. (...) Não faço ideia de quantas relações pós divórcio acabam por este motivo mas sei que são muitas, a maior parte. Mas também sei... porque os conheço...que nem todos os casos têm de ser assim e que para isso tem de haver constante diálogo, sinceridade, franqueza...e porque não dizê-lo honestidade dos afectos.

domingo, 6 de junho de 2010

Desafio Power

Bora lá juntar guito e fazer Sexo e a Cidade by powergajas em NY em Dezembro de 2012?
Desafio Lançado!
Eu já alinhei
A MJ também
Quem mais alinha?

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Passou um ano...

... desde que tornei pública a minha separação e a intenção do divórcio (que, na realidade, já estava a decorrer oficialmente).
Os (in)felizes contemplados: os meus pais. Enquanto assistiamos ao treino de futebol do mini (para o qual os convidei a assistir, quais carneiros enganados para o abate).
Foi um momento díficil e duro. Mais dificil do que, no ano anterior, a comunicação da minha intenção ao então meu marido. Mas menos dificil do que a que tive que fazer, dias depois aos minis. E ainda menos dificil do que tomar a decisão em si.
Concluo:
o mais dificil de tudo é tomar a decisão. Comunicá-la é dificil, tem diferentes graus de dificuldade e dor associados, em função dos destinatários da comunicação, mas a decisão... a decisão é o pior de tudo. E antes da decisão é a preparação mental para a tomar. E antes da preparação mental é a confusão, sofrimento, apatia, desgaste em que se vive, sabendo que não se está bem, não tendo coragem de pôr o dedo na ferida, desabafar em quilos de papel, fazer a viagem e dobragem do cabo das tormentas, sozinha.
Mas é assim mesmo. Chegamos à vida sozinhos, seja dum puxo dado, arrancados a ferros, à ventosa, retirados à mão dum ventre aberto, a chegada é sozinhos. A partida também o será.
As decisões, essas, são também sozinhos que se tomam.