terça-feira, 24 de novembro de 2009

Quando conseguimos sacudir a merda para fora das nossas vidas

Texto escrito no início de 2009. Quando leio isto penso que ainda bem que a mulher que escreveu isto já morreu. Dela nasceu outra completamente diferente, mais confiante, segura, e essencialmente, neste momento prontinha para ser feliz.

O homem que me fez escrever isto está lá para trás. Felizmente. E assim se sacode a merda.


Aquele era o meu dia
Era o meu dia de anos. Não imaginava que ia ter-te comigo o dia todo, nem pensar, até porque era dia de trabalho. Mas tinhas dito "guardei esse dia na agenda para ti, vou levar-te a jantar".
E eu nesse dia andei feliz, não so por ser o meu aniversário e por ver que tenho muitos amigos e bons, mas porque sabia que ia provavelmente terminar o dia sentada num restaurante contigo, em troca de conversas do dia-a-dia. E sabia que ia fazer amor contigo naquela noite, desse por onde desse. Preparei tudo para que tivesse tempo para ir contigo
. Menti à família, inventei outro jantar qualquer e saí de casa à tua espera. Uma sms tua "a reunião está demorada..." "tudo bem , respondi eu, eu espero". E entretive-me a ver montras, a folhear uns livros, sempre ansiosa, a olhar para o maldito relógio, os ouvidos permanentemente a enganarem.me com alertas de sms que não eram do meu telemóvel. Até que perto das dez da noite tu ligaste. Porque se tinha estendido até mais tarde, porque estavas de rastos se eu não me importava de adiar.
"Não", disse eu. "Vai ter com a tua família. Eu fico bem".
E quando desliguei o telemovel desatei num pranto. Porque aquele era o MEU dia e eu tinha o direito de te ter apesar de saber que não eras meu. Mas pelo menos naquele dia...apenas naquele dia.
E mais uma vez engoli em seco mas achei que te amava tanto que suportava aquilo. E mais um bocadinho de mim morreu.

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