quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Azul

Ainda estou para perceber como carga d'água uma coisa destas sucede, desta forma e nestes tempos.
Sempre fui só. A solidão é uma velha senhora que conheço muito bem. E confesso que por vezes não passo sem ela.
No caminho de uma vida, a dada altura perdi-me de mim, quando em busca do sonho da família que nunca tive me esqueci... de mim. Não me anulei. Afinal estava só a lutar por aquilo que um dia mais almejei.
E quando perante o meu fracasso procurei ajuda para os que mais amo... dei comigo de novo... no caminho para mim.
E neste caminho para uma nova vida outras vidas se cruzaram. Algumas reencontradas... outras novas descobertas.
Descobri numa tarde de Outono uma mulher que sem me conhecer de lado algum prontamente me enviou o seu número de telemóvel disponibilizando-se para me ouvir.
Passados 2 meses e confidências inconfessáveis de uma vida a gaija já era uma parte de mim... ora que porra! A coragem de ser genuína, a franqueza da postura, a dádiva abnegada do tempo, da amizade e o incansável olhar leitor … estão sempre ali para mim.
Na verdade andamos sempre a aprender. 
Pensava eu que a esta altura da vida já não se faziam amizades para a vida e sai-me assim... "out of the blue"... De olhos cândidos como um céu de S. Martinho e com a energia de um mar revolto... uma mulher.
Azul.
Sou filha única. Sempre fui só.
Mas já não estou só.
Tenho uma irmã.
Azul.

2 comentários:

  1. Obrigada, irmã!
    As lagrimas assolam-me. Mas não de tristeza: emoção por este teu tributo.
    Está no meu coração. E é para sempre.

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