sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Admiração

Tenho reflectido sobre os motivos de falência das relações. São reflexões que derivam do meu percurso de vida, do percurso de vida de outras powergajas e, duma forma geral, de amigas quem me rodeiam.
Creio que cada uma de nós consegue isolar um ou outro ou mais motivos para que tal aconteça.
No que a mim se refere, destaco a admiração como a característica mais marcante e decisória nestas questões das relações. E quando falo em relações, é num sentido lato; não se circunscreve aos relacionamentos amorosos: amizade, de trabalho, familiares, wathever.
O que constato é que a falência, estremecimento, resfriamento das minhas relações deve-se essencialmente à perda de admiração.
Eu explico:
O meu investimento e interesse nas relações diminui na correcta proporção em que a admiração que nutro pela pessoa em causa diminui. Quando a admiração se vai de vez, também a relação finda. Excepção, claro está às relações no mundo do trabalho, em que obrigatoriamente o relacionamento tem que se manter. Mas, nesse caso, restringe-se ao estritamente profissional e obrigatório.
Já houve amizades que se foram por esse motivo. O meu relacionamento com uma grande parte dos membros familiares, idem aspas. O meu casamento - exemplo emblemático desta minha constatação.
Não obstante todas as outras razões para o fim do casamento, nomeadamente o fim do amor, foi com a perda da admiração pelo M que tomei coragem de levantar a placa the end. O amor já há tinha desaparecido, a paixão, também. Mas foi quando a admiração estremeceu é que comecei a ponderar o fim. E foi um constante decrescendo nessa admiração. Porque até isso acontecer, sentia-me capaz de sustentar o casamento. Quem sabe, até honrar a jura de "até que a morte nos separe". Hoje, esforço-me por restaurar uma parte dessa admiração, pela necessidade de manter uma relação de amizade. Pelos filhos. Esforço-me. E a admiração não deveria obrigar a esforço, pois não? Mas é um esforço por um motivo maior. Os filhos.
O que se passa com o R. é que, não obstante as decepções e desilusões, ainda não perdi a capacidade de o admirar. Paradoxalmente (ou talvez não), talvez seja, precisamente devido às constantes decepções e desilusões que a admiração se mantém intacta.
É estranho isto, mas é verdade.

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