sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Uma Nova Tela

Aqui tens-se falado de muita coisa: de indignação, de dúvidas, de alguma "revolta", de medos, mas também de vitórias, de aprendizagens, de novas vidas.
O divórcio é algo que nunca deixará de viver dentro de cada uma de nós como um episódio marcante, ver mesmo traumatizante no sentido de uma ferida bem profunda que nunca desaparece totalmente.
É comum dizer-se que o divórcio é a segunda maior dor depois da morte de um ente próximo: eu direi mesmo que será a 1ª, pois é um acontecimento vivido na 1ª pessoa, que nunca chega a sair de nós.
Não é uma realidade que se consiga entender, na sua real dimensão, de fora para dentro mas é sem dúvida uma dor que é preciso curar de dentro para fora.
É um sentimento de derrota profunda que reaparece, sem aviso prévio, aqui e ali.
Mesmo assim, e depois de muita dor, de muito sofrimento, de muita culpabilização (porquê eu?, o que é que eu fiz de errado?), chega o dia em que é preciso encarar a vida como uma tela limpa, sem marcas, sem manchas, sem nódoas: branca.
É preciso chegar àquele dia em que as questões deixam de fazer sentido, em que as dúvidas deixam de estar tão (omni)presentes.
É preciso chegar àquele ponto de viragem em nos damos uma segunda oportunidade, como se nada de mau nos tivesse acontecido.
Esse dia acaba sempre por chegar, com o tempo a passar, com a maturidade e com a (inevitável) relativização dos factos.
Chega aquele dia de inspiração (divina) em que ousamos finalmente fechar os olhos sem medos. Aquele dia em que somos capazes de imaginar, sentir e viver um novo amor.
Um amor porventura imperfeito (como todos são), mas feito de cores vivas, imune aos flashbacks. Chega aquele dia em que nos sentimos irremediavelmente livres das lembranças do divórcio e em que tudo, mas tudo, volta a fazer sentido.

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